sexta-feira, 28 de março de 2008

Sei os teus seios, Alexandre O' Neil

"Sei os teus seios.Sei-os de cor.
Para a frente, para cima,
Despontam, alegres, os teus seios.
Vitoriosos já, mas não ainda triunfais.
Quem comparou os seios que são teus (banal imagem) a colinas!
Com donaire avançam os teus seios,ó minha embarcação!
Porque não há Padarias que em vez de pão nos dêem seios logo p'la manhã?
Quantas vezes interrogastes, ao espelho, os seios?Tão tolos os teus seios!
Toda a noite com inveja um do outro, toda a santa noite!
Quantos seios ficaram por amar?
Seios pasmados, seios lorpas, seios como barrigas de glutões!
decrépitos e no entanto belos como o que já viveu e fez viver!
Seios inacessíveis e tão altos como um orgulho que há-de rebentar em deseperadas, quarentonas lágrimas...
Seios fortes como os da Liberdade-Delacroix-guiando o Povo.
Seios que vão à escola p'ra de lá saírem direitinhos p'ra casa...
Seios que deram o bom leite da vida a vorazes filhos alheios!
Diz-se rijo dum seio que, vencido, acaba por vencer...
O amor excessivo dum poeta:"E hei-de mandar fazer um almanaque da pele encadernado do teu seio"
Retirar-me para uns seios que me esperam há tantos anos, fielmente, na província!
Arrulho de pequenos seios no peitoril de uma janela aberta sobre a vida.
Botas, botirrafas, pisando tudo, até os seios em que o amor se exalta e robustece!
Seios adivinhados, entrevistos, jamais possuídos, sempre desejados!
"Oculta, pois, oculta esses objectos altares onde fazem sacrifícios quantos os vêem com olhos indiscretos"
Raimundo Lúlio, a mulher casada que cortejastes, que perseguistes
Até entrares, a cavalo, p'la igreja onde fora rezar,
Mudou-te a vida quando te mostrou("É isto que amas?")
De repente a podridão do seio.
Raparigas dos limões a oferecerem fruta mais atrevida: inesperados seios...
Uma roda de velhos seios despeitados, rabujando, a pretexto de chá...
Engolfo-me num seio até perder memória de quem sou...
Quantos seios devorou a guerra, quantos, depressa ou devagar, roubou à vida,
à alegria, ao amor e às gulosas bocas dos miúdos!
Pouso a cabeça no teu seio e nenhum desejo me estremece a carne.
Vejo os teus seios, absortos, sobre um pequeno ser..."

4 comentários:

Post-It disse...

:))
Espero, hoje, abanar os mueus ssseiosss na discoteca, que nem dois coquinhos num vedaval, ohohoho! ;D
(não acredito que escrevi ISTO!)

Post-It disse...

oops!
vendaval

luminary disse...

Continuam as tentativas descaradas de atrair público masculino ao teu blog :)

R. disse...

eu ía escrever qualquer coisa,mas li ali o comentário da post-it..Ohohoho :))