"Depois, como o amor vive de fome e morre de saciedade, começará a notar que a usa deusa afinal não é tão bonita como você supunha. Verificará que o tornozelo é tanto ou quanto “sopeiral” e lhe faltam cinco pestanas na pálpebra do olho esquerdo. O senhor, que a considera agora razoavelmente inteligente, acha-la- á amiúde razoavelmente estúpida, porque agora é sempre da opinião dela e hão-de chegar depois momentos em que deseje, sem o conseguir, que ela seja da sua. No que respeita a epístolas notará que nunca há moços pelas esquinas, nem selos na tabacaria mais próxima, que a letra dela é muito mais inglesa do que é permitido pelas leis em vigor, que o seu bem oscila demasiadamente entre a ortografia antiga e a moderna e mantém com a sintaxe de construção relações superficiais e de simples cumprimento. Depois virão considerações sobre os ciúmes que a dama não deixará de manifestar, quanto mais não seja senão para o arreliar, sobre os que ela lhe inspirara na doce esperança de o prender melhor na sua teia" (...)
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