domingo, 27 de julho de 2008

Domingos escolhidos

" Em primeiro lugar, procedendo ao inventário de entrada, o meu amigo não ama a tal cavalheira. Não é impelido para ela por uma atracção irresistível do género daquela que levou Werther a matar-se por Carlota e certa Carlota, que eu conheci, a pôr no prego a máquina de costura a fim de comprar uma pistola de dois canos, que, afinal, seguiu o mesmo caminho da máquina. Também o não impulsiona aquela indomável sugestão física, a que muita gente chama Amor, confundindo, como diz Alphonse Karr, uma víscera com um músculo. A sua agitação não é desordenada, o seu desvairo não é grande. Se assim fosse, o senhor não viria consultar-me. A estas horas estaria bombardeando a tal senhora com o fogo cruzado de todas as suas batarias.
Ora muito bem. Voltando ao meu ponto de vista, começaremos por notar que, para a sociedade anónima que pretende estabelecer, o senhor entra com certo capital e a dama com outro. O senhor é novo, sem ser uma espanhola de tampa de caixa de fósforos merece até certo ponto a alcunha que lhe puseram, é educado, não é muito esperto, mas também não é absolutamente idiota, tem alguma coisa de seu, situação preferível a ter aquilo que é dos outros, diz possuir certa práctica da sociedade e deve ser ornado de mais algumas pequenas qualidades que a sua modéstia lhe não deixa enumerar. Isso representa capital apreciável.
*** continua***

2 comentários:

Post-It disse...

A paixão dura, hummm, 2 segundos! (Mas muito intensos! ) ;P

luminary disse...

É tipo lusco-fusco, mas sem ter aq capital mundial em Kinshasa