Páginas vividas, André Brun
"Há na Arte de ser avô, de Vítor Hugo, um trecho que começa por este verso: Jeanne était au pain sec dans le cabinet noir...
Para aqueles que não tenham muito presente à memória esse poemeto do gigante do romantismo, eu resumo a história. Jeanne era, entre os netos, a preferida. Cometera uma das grossas maldades dos seus sete anos. Para castigo tinham-na fechado no quarto escuro, dando-lhe como única merenda uma fatia de pão seco. Mas o avô, às escondidas de toda a gente, foi levar à criminosa uma tartine com doce. Dali a pouco, soube-se tudo. A indignação foi geral. - É o senhor que estraga a crinça com mimo! - E como o velho avô baixasse uma orelha, contrita, acrescentaram: - Precisava também que o fechassem às escuras e lhe dessem pão seco todo o dia! - Então, Joaninha foi junto do avô e, trepando até lhe chegar ao ouvido, disse: - Deixa lá, avozinho! Quando estiveres de castigo eu te levarei pão com doce.
Quando eu tinha dez anos lia estes versos no colégio das irmãzinhas de S. Vicente de Paulo e sabia-os quase de cor. Também tinha um avô e também me fechavam às vezes num quarto sem janela.
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2 comentários:
E eu que gosto tanto do meu!...
Um alicerce dos bons. :))
Agora, com ou sem quarto sem janela, damo-te nós os docinhos.
Bj
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