domingo, 17 de fevereiro de 2008

"Orlando"

Finalmente vozes, há muito adormecidas, chamam por mim! Tenho novamente necessidade de ler...Despertei de novo para a Literatura, e com a mesma ingenuidade da primeira vez que abri um livro!
Não sei se foi Anaïs, Flannery, Emily ou Virginia...Sei que, quando leio, sinto a força delas e a vida faz muito mais sentido!
-NÃO POSSO EMBRUTECER:É a minha prece ao deitar.
Tem-me ajudado a distância dos amigos, ou a Literatura substitui o vazio...

Achei "Orlando" bastante subtil na troca de identidade corporal. Homem ou Mulher?
Como pode ter sido homem, se gerou filhos dentro de si?! E como pode ter sido mulher se fez com que outras engravidassem? Para não falar do facto de parecer ter vivido durante 300 anos, atravessou três reinados!!!

Suponho que a ideia de Virginia seria a de revelar Vita Sackville-West como intemporal e sobrenatural. Pois penso que o conseguiu.
Gostei particularmente de uma comparação que Virginia fez. Não compreendendo, ainda, se o terá feito ironicamente ou se se reportava apenas inocentemente a uma imagem quotidiana:
" O gesto mais banal (...) sentar-se a uma mesa e puxar para junto de si o tinteiro, pode agitar mil fragmentos soltos (...) desfraldando-se como a roupa interior de uma família de catorze pessoas a secar num estendal, ao sabor do vento."

De resto aqui ficam algumas palavras para ti:

"Lembrava com orgulho que sempre o haviam tido na conta de erudito, e zombado do seu amor pela solidão e pelos livros."

" Tão gradual é o processo que só chegamos a aperceber-nos da presença do mal quando erguemos uma cómoda ou um balde de carvão e ele se nos desconjunta nas mãos."

2 comentários:

Post-It disse...

Tive que sorrir ao recado... e lembrei-me do refrão de uma música pop lamechas, da Holly Golightly:"...thoughts re-arrange,
familiar now strange
all my skin is drifting on the wind..."

Maria Ostra disse...

Pimpinela, ver se passo "lá" para comprar uns livrinhos nice price.