“-Quando não te via, não havia tristeza em mim. Nesse tempo era livre. (…) Mas agora, depois que estás comigo, já não me é possível viver como desejaria, (…) porque partir sozinho seria causar-te um desgosto, e eu amo-te e tenho pena de ti. (…) E quando se ama e se tem pena, e se deseja ou teme qualquer coisa, então já se não é livre… (…)
- Dizes a verdade, eu também a direi. (…) Troquei tudo isso contra o quê? Diz-me. Não foi por esses minutos em que os beijos se tornam tão ardentes que chegam a arder? Se é esse o preço é pagar bem caro…E tudo o que soube de ti, seria melhor não o ter sabido. (…) Falaste-me do destino e da morte…Mas que há neles de bom? Se não soubesse que existiam, seria mais alegre, porque saber pensar não torna a vida melhor…Pronto, também eu te disse algumas palavras, e talvez te dissesse mais se pudesse arrancar o meu coração e levá-lo nas mãos até aos teus olhos: poderias ver o que há nele. És inteligente, diz-me então porque tudo isto evolucionou deste modo?
À primeira pergunta nem o pastor, nem a estepe, nem o céu que ele contemplava tristemente respondiam. Quanto à segunda, Maia e ele próprio já tinham respondido.
- Não há sábio que possa dizer porquê: esse sábio não existe, segundo penso. (…) Somos culpados um perante o outro? Não creio…Aperta-te então contra o meu peito, abraçar-te-ei e beijar- te-ei…
Maia olhou-o. Antes era belo, forte e audacioso (…) agora um pouco mais magro, pensativo.
Viveram assim e, olhando-se um ao outro, tornavam-se cada vez mais inúteis, aborreciam-se dia a dia mais e cada vez melhor compreendiam e viam o seu aborrecimento; e cada vez mais o pastor tinha vontade de partir para qualquer parte, longe, muito longe, onde não haveria nada que ele não soubesse ou de que não pudesse ter uma ideia; Maia definhava a olhos vistos, empalidecia cada vez mais e concentrava os seus pensamentos numa única interrogação constante: Porquê? Porquê?”
- Dizes a verdade, eu também a direi. (…) Troquei tudo isso contra o quê? Diz-me. Não foi por esses minutos em que os beijos se tornam tão ardentes que chegam a arder? Se é esse o preço é pagar bem caro…E tudo o que soube de ti, seria melhor não o ter sabido. (…) Falaste-me do destino e da morte…Mas que há neles de bom? Se não soubesse que existiam, seria mais alegre, porque saber pensar não torna a vida melhor…Pronto, também eu te disse algumas palavras, e talvez te dissesse mais se pudesse arrancar o meu coração e levá-lo nas mãos até aos teus olhos: poderias ver o que há nele. És inteligente, diz-me então porque tudo isto evolucionou deste modo?
À primeira pergunta nem o pastor, nem a estepe, nem o céu que ele contemplava tristemente respondiam. Quanto à segunda, Maia e ele próprio já tinham respondido.
- Não há sábio que possa dizer porquê: esse sábio não existe, segundo penso. (…) Somos culpados um perante o outro? Não creio…Aperta-te então contra o meu peito, abraçar-te-ei e beijar- te-ei…
Maia olhou-o. Antes era belo, forte e audacioso (…) agora um pouco mais magro, pensativo.
Viveram assim e, olhando-se um ao outro, tornavam-se cada vez mais inúteis, aborreciam-se dia a dia mais e cada vez melhor compreendiam e viam o seu aborrecimento; e cada vez mais o pastor tinha vontade de partir para qualquer parte, longe, muito longe, onde não haveria nada que ele não soubesse ou de que não pudesse ter uma ideia; Maia definhava a olhos vistos, empalidecia cada vez mais e concentrava os seus pensamentos numa única interrogação constante: Porquê? Porquê?”
1 comentário:
Ui. Onde é que eu já vi isto?
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