quinta-feira, 25 de março de 2010

Poema Possível

Pousa a tua cabeça dolorida
Tão cheia de quimeras, de ideal,
Sobre o regaço brando e maternal
Da tua doce Irmã compadecida.

Hás-de contar-me nessa voz tão qu’rida
A tua dor que julgas sem igual,
E eu, pra te consolar, direi o mal
Que à minha alma profunda fez a Vida.

E hás-de adormecer nos meus joelhos…
E os meus dedos enrugados, velhos,
Hão-de fazer-se leves e suaves…

Hão-de pousar-se num fervor de crente,
Rosas brancas tombando docemente,
Sobre o teu rosto, como penas de aves…

Florbela Espanca - Suavidade


1 comentário:

Anónimo disse...

O poemapossivel é, de facto, um belo poema. Um destes dias, tenho que voltar a Florbela. P