terça-feira, 17 de março de 2009

POEMA POSSÍVEL


O meu orgulho, Florbela Espanca

“Lembro-me o que fui dantes, quem me dera
Não lembrar! Em tardes dolorosas
Eu lembro-me que fui a Primavera
Que em muros velhos fez nascer rosas.

As minhas mãos, outrora carinhosas,
Pairavam como pombas… Quem soubera
Porque tudo passou e foi quimera
E porque os muros velhos não dão rosas!

São sempre os que eu recordo que me esquecem
Mas digo para mim: “Não me merecem …”
E já não fico tão abandonada!

Sinto que valho mais, mais pobrezinha:
Que também é orgulho ser sozinha,
E também é nobreza não ter nada!”

1 comentário:

Post-It disse...

A Florbela racionalizava neste poema! :D
Qual quê?! Não é nada bom ficármos refens de...