quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

A morte saiu à rua num dia assim...

Em tempos conheci uma pessoa que me disse que pensava na morte todos os dias. Mas eu não, eu sou uma pessoa prática, com preocupações terrestres, eu penso na vida, Tenho tantas coisas na vida a ocuparem-me os pensamentos que, mesmo que quisesse pensar na morte, não tinha tempo para isso.

No entanto, quando a morte aparece de perto, junto de pessoas que conhecemos e, em vez de um pensamento de acontecimento futuro, se torna real e palpável, aí sim, chego a passar dias inteiros a pensar na morte.

Neste último caso em particular, tratou-se de um suicídio e, mais do que no desaparecimento da pessoa em si, penso na própria acção, no sofrimento ou coragem, tento perceber e explicar.

Era uma rapariga como eu, que conheci em tempos de Faculdade, da mesma idade e com uma família relativamente igual à minha. Podia ser eu!

Uma amiga em comum liga-me, porque tudo lhe parece ainda irreal, espera vê-la aparecer à porta de casa, mais uma vez, como em tantos fins-de-semana passados. E diz-me que precisava apenas de saber se eu estou bem, se a vida me corre de feição, porque não nos vemos há muito tempo e agora aconteceu isto e…podia ser eu!

Não, não podia! Não podia ser eu. Confesso que, muitas vezes, me apeteceu desaparecer, mas descansa, nunca era capaz de pôr uma corda ao pescoço e enforcar-me, simplesmente não era! Ainda hoje consigo agarrar-me a qualquer coisa, a querer viver e a ter curiosidade do futuro.

Eu acho que pior que a morte física é a morte por esquecimento. Talvez possa dizer que, ao longo da vida, fui uma pessoa privilegiada, não sofri quase nenhuma perda física que me afectasse de uma maneira profundamente irremediável, mas já me morreram muitas pessoas por esquecimento. Por causa de afastamentos, divergências, incompatibilidade de personalidades.

Esse tipo de morte é semelhante a um suicídio, é uma escolha, não um acaso, uma fatalidade.

3 comentários:

post-it disse...

o suicídio tem ou resulta de um complexo emaranhado de factores biológicos, psicológicos(conscientes e incoscientes) e sociológicos. geralmente, depressões graves muito prolongadas, dependências e doenças psiquiátricas aumentam o risco de suicídio.
nem sempre (ou quase nunca) são os factos a perturbarem as pessoas, mas a forma como as pessoas os veem, pensam e sentem. tu disseste algo fundamental, que te protege. tens sempre curiosidade em relação ao futuro. :) portanto, tens sempre a esperança, o desejo, a expectativa de ver o que vai acontecer. alguém que tenha de si mesmo, do ambiente, do mundo e do futuro, uma ideia e uma visão negativa - desiste.
é por isso que perante um mesmo evento ou situação, duas pessoas diferentes (re)agem de forma distinta. são os chamados optimistas e os pessimistas.
tu és optimista! :D
miúda, nunca mudes de "lentes" e não deixes que ninguém tas mude!!

post-it disse...

p.s.: "esquecer" alguém também pode ser muita coisa...
é perda, é luto por demência, velhice, "assassinato", suicídio e, ainda, o processo natural das coisas...
digo eu... que penso d´alto por aqui.

dr disse...

adoro-te!
...nunca me esqueças, nnc permitas k morra para ti...