sábado, 11 de setembro de 2010

O fio da fábula, Jorge Luis Borges

O fio que a mão de Ariadne deixou na mão de Teseu (na outra estava a espada) para que este se aventurasse no labirinto e descobrisse o cen­tro, o homem com cabeça de touro ou, como pretende Dante, o touro com cabeça de homem, e o matasse e pudesse, já executada a proeza, de­cifrar as redes de pedra e voltar para ela, para o seu amor.

As coisas aconteceram assim. Teseu não podia saber que do outro la­do do labirinto estava o outro labirinto, o do tempo, e que num lugar já fixado estava Medeia.

O fio perdeu-se, o labirinto perdeu-se também. Agora nem sequer sabemos se nos rodeia um labirinto, um secreto cosmos ou um caos oca­sional. O nosso mais belo dever é imaginar que há um labirinto e um fio. Nunca daremos com o fio; talvez o encontremos e o percamos num acto de fé, num ritmo, no sono, nas palavras que se chamam filosofia ou na mera e simples felicidade.

1 comentário:

maria ostra disse...

e para dionísio não vai nada, nada, nada?
;D

que ninguém nos faça perder tempo!
olha, tenho mais trá lá lá:
http://www.youtube.com/watch?v=c1oMtwmTaNQ