segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Adília Lopes, CARAS BARATAS, ANTOLOGIA

"Em 81 disse à Dr.ª Manuela Brazette, psiquiatra, "Eu sou feia". Ela disse-me "Não é ser feia. Não há pessoas feias. Não tem é atractivos sexuais". Lembrei-me então do homem que em 74, tinha eu 14 anos, se cruzou comigo no Arco do Cego. Lembrei-me do homem, da cara do homem vagamente, mas lembrei-me muito bem do que ele me tinha dito ao passar por mim. Tinha-me dito "Lambia-te esse peitinho todo". Lembrei-me também da meia-dúzia de outros homens que durante a minha adolescência me tinha dito quando eu passava "Coisinha boa" e "Borrachinho". Ainda hoje me sinto profundamente agradecida a esses homens. Pensei que estavam a avacalhar, que eram uns porcalhões. Mas quem estava a avacalhar era a Dr.ª Manuela Brazette, ela é que é uma porcalhona. Acho que um homem nunca consegue ser mau para uma mulher como outra mulher."

2 comentários:

Post-It disse...

ah, sim, quando são invejosas, são o vivo demónio!
Que tal, estás a gostar da Adília? ;)

Dona do Gato disse...

Sim, as mulheres são bem piores umas para as outras.
Acho que é por conhecerem tão bem as fragilidades umas das outras. Sabem bem onde por o dedo. às vezes até deixam ganhar crosta, só para a poder fazer san´grar outra vez.
...
Havia aqui pano para mangas...