sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

O “jujutsu” , Wenceslau de Moraes, Antologia



“O homem, ao nascer, é flexível e fraco; na morte, firme e rígido; assim com as causas: - firmeza e rigidez são as concomitâncias da vida; por este modo, aquele que confia na sua própria força, não será o conquistador.”

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Momentum

Que situação bizarra
Momento inesperado
E tão dolorosamente real…
Tão perto e tão distantes um do outro,
Não se consegue ouvir o que tua cabeça grita
Desabafa…
A madrugada acorda
Eu e tu sem sono, sem sono
Por fim chega o abandono
Deixas cair, cansado,
Um bilhete na mesa.
E um beijo saudoso:
Adeus, adeus
Até qualquer outro encontro mágico…

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Poema possível

Orla do mar, Eugénio de Andrade

“Na orla do mar
No rumor do vento,
Onde esteve a linha
Pura do teu rosto
Ou só pensamento
(e mora, secreto,
Intenso, solar,
Todo o meu desejo)
Aí vou colher
A rosa e a palma.
Onde a pedra é flor
Onde o corpo é alma.”

sábado, 24 de janeiro de 2009

ACRÓSTICO


Bestialidade
Alcóol
Canzana
Orgia



E

Abandonada
Rapto
Imaculada
Amada
Desamada
Nádega
Ebúrnea

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

POEMA POSSÍVEL


“Conheço os sete corredores da solidão
Sete rios que vão dar ao silêncio.
Onde as aves vêm beber
A breve seiva da terra
Nas águas lentas da memória.
Há também a neve,
Os cantos com crianças dentro
E uma lágrima que vai dar ao mar.
É isto a solidão.
Uma aldeia ou um barco
No cais deserto.”

Exercícios de solidão, José Oliveira

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

RECORDAÇÕES

Este frio Inverno fez-me relembrar um dos meus cheiros favoritos: o da borracha quente!
A minha botija de água quente é vermelha e tem a forma de um coração! Enquanto deito a água a ferver lá para dentro, e levo com os vapores na cara, penso e desejo que assim alguém aqueça o meu coração!...

domingo, 11 de janeiro de 2009

DOMINGOS ESCOLHIDOS

“Em seguida, o meu bom Calixto reparará numa questão que, sendo aliás secundária, tem a sua importância nos tempos que vão correndo: a questão financeira.
Terá tido que organizar um aposento reservado para a receber. Deverá para certos detalhes de toilette dispor convenientes apetrechos e serviços de toucador. Não poderá apresentar-lhe para o último toque de cabelo um pente dos de alumínio que se vendem a quinze tostões ao pé da Praça da Figueira. Deverá ter o perfume, o pó de arroz e a maquillage que ela usa, flores, um pequeno lanche leve, mas cuidadosamente servido. Fora disso, o senhor deverá vestir com maior esmero ainda, alugar automóveis fechados, mandar ramos, oferecer pieguices e inutilidades de bom gosto, frequentar chás- -concertos, dar passeios, etc., etc., meter-se, enfim, em mil despesas extraordinárias em virtude das quais as mulheres que se dão são exactamente as que custam mais caro.”

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009


quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Algazel no deserto...

Na despedida
Quero oferecer-te
estes meus dois seios,
entumescidos como romãs.
Deposito-os, um em cada mão,
olhas para eles,
não como os Velhos
olharam para os de Susana,
mas como Narciso
se olhou na água,
com espanto e admiração.
Sabes que eles contêm
o néctar vital da Humanidade!
Leva-os
e terás onde pousar a cabeça
do cansaço da viagem,
e terás onde matar a sede,
seja ela de amor, de vingança,
ou simplesmente
de viver.